Publicado em: 22/08/2020 12:41:04
Alejandro Bedotti, 1954 - 2020.
O VI FESTIVAL UNIR ARTE E CULTURA, neste momento de júbilo em que encerra as suas atividades, neste sábado glorioso, quer manifestar, porém, um sentimento de dor, pela perda, no passado dia 18, de um dos participantes deste evento, o Psicólogo, formado na Universidade Federal de Rondônia, Alejandro Bedotti, que partiu com a idade de 65 anos, e que, em 2001, concluiu o seu curso com trabalho orientado pelo Professor Juliano Cedaro, o nosso atual Vice-reitor.
Alejandro Bedotti foi, contudo, bem mais do que um Psicólogo, profissão que exerceu com reconhecida competência e sucesso. Fez diversos trabalhos, com bonecos, palestras, cursos etc., em um périplo com o Grupo Del Silencio, em vários países latino-americanos, antes de vir para Porto Velho, em 1979, com vinte e cinco anos de idade. Quando aqui chegou, além da experiência, Bedotti já trazia na algibeira curricular um Curso de Teatro da ETLP, a “Escuela de Teatro La Plata”, de Buenos Aires, cidade onde nasceu.
Aqui, protagonizou inúmeros movimentos artísticos, sendo mímico, atuando nas praças, nos bares e onde houvesse acolhimento popular, trabalhando em peças teatrais, vinculado ao SESC em 1980, mas deixando por algum tempo Rondônia.
Esse artista plural fez um percurso teatral por cidades do Norte da nossa América Latina, retornando quando o nosso Território Federal se tornou Estado. Participou então do Grupo Cipó e do Grupo Quebra-cabeça e, juntamente com Ângela Cavalcante, sua eterna companheira, tornou-se uma referência maior nas Artes Cênicas locais, sempre ao lado de um elenco com várias idades generacionais, demonstrando uma liderança reconhecida pela sua alegria, entusiasmo e conhecimento teórico e prático das suas profissões.
Um mágico da sedução, interpretação permanente no palco da vida, uma súbita iluminação, de vez em quando o devolvia à realidade do comum das pessoas; muitas não viam as mesmas cores que ele fantasiosamente fazia as pessoas verem pela sua lente e pelos seus gestos de ator mordaz e sempre engajado.
Adaptador e roteirista, de teatro e de cinema, diretor e autor, um dos seus filmes, “Mulher e Seringueira”, está neste Festival como obra integrante da Mostra MIIS-RO, consagrando assim um encontro que, agora, se torna ainda mais memorável do que nunca, em ocasião na qual as nossas palavras de pêsames tornam-se também de parabéns pela vida e obra, e porque vão, sobretudo e especialmente, para Ângela, Ulisses e Thalia, que carregam a ampla responsabilidade de nos ajudar a preservar a memória e o trabalho de ALEJANDRO BEDOTTI, um saltimbanco, um poeta, um resistente, em tempos em que ser resistente é quase unanimidade, sabendo que:
"Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado..."
Vamos seguir as palavras de Vinicius de Morais, e juntos colher os frutos que esse ARTISTA RONDONIENSE MAIOR nos deixou como legado!
Fonte: PROCEA